terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Nityānanda Trayodaśī


Certa vez havia um barbeiro que perambulava pelas ruas distribuindo convites. Antigamente, os barbeiros realizavam esta tarefa para várias famílias. Antes de casamentos ou festivais, eles costumavam sair e distribuir convites para todos, em troca disso recebiam algum dinheiro extra. Mas eles jamais saíam sem seus instrumentos, como navalha, tesoura e pente.
Durante seu percurso, um barbeiro entrou em uma floresta e se deparou com um leão descansando por ali. O leão não o atacou, pelo contrário, apenas levantou sua pata e a lambeu. A princípio, ele ficou apavorado, mas então pensou: “parece haver algo preso em sua pata e por isso ele não está me atacando.” Então, o barbeiro se aproximou um pouco mais e viu um espinho grande o bastante encravado causando grande sofrimento. Com a ajuda de seus instrumentos, o barbeiro manipulou um pouco o espinho e o removeu cuidadosamente. Um pouco de sangue começou a sair da ferida, então o barbeiro aplicou um antisséptico, enrolou a pata do leão em algumas folhas medicinais e partiu.

Três ou quatro anos se passaram. Então, certo dia, esse mesmo barbeiro foi preso por engano sob a acusação de ter cometido vários crimes bastante graves, inclusive o de homicídio. Seu caso foi levado ao rei, que disse: “há alguns dias capturamos um leão na floresta. Joguem o criminoso na jaula do leão. O leão o comerá e pronto. Não há outra punição para ele. Joguem-no lá!”
O barbeiro foi jogado na jaula do leão, que imediatamente se levantou rugindo. Mas assim que se aproximou do homem, começou a ronronar e se sentou. Este era o mesmo leão do qual o barbeiro havia removido o espinho, e mesmo após vários anos, ele o reconheceu e não o atacou. O rei disse: "Este animal feroz não está atacando o barbeiro? Como assim?” Então ele pensou: "agora, eu entendo. Por eu ter prendido por engano este homem, o leão não o matou. Se o animal não está executando este castigo, então eu também não devo puni-lo.” O rei soltou o homem, a quem demonstrou respeito e pediu perdão.

Mesmo no mundo animal, há muita gratidão, e Kṛṣṇadāsa Kavirāja Gosvāmī diz que a gratidão de Nityānanda Prabhu é igual a esta. Bastou um minuto para o barbeiro remover o espinho do leão e mesmo após anos, o animal ainda permanecia grato por isso. Esse animal tão feroz que mata inúmeros outros animais e pessoas, manteve-se grato por toda a sua vida, e vemos esta mesma qualidade de gratidão na vida de Nityānanda Prabhu.

No Śrī Caitanya-caritāmṛta, Kṛṣṇadāsa Kavirāja Gosvāmī dá um exemplo de como Nityānanda Prabhu, sendo o Próprio Bhagavān, é misericordioso com todos. Ele conta que certa vez ocorreria um festival com kīrtana ininterrupto durante todo o dia e noite. Vaisnavas que viviam nos arredores e mais longe foram convidados, e todos compareceram. Entre eles estava um associado eterno de Nityānanda Prabhu, Mīnaketana Rāmadāsa. Sua natureza era tal que sua misericórdia não era facilmente reconhecida, mas aqueles que conseguiam compreendê-lo eram capazes de vê-la. Geralmente, quando uma pessoa querida chega, oferecemos praṇāma. Mas ele agia de forma contrária, batia em uma pessoa com a flauta que sempre carregava e esta já sabia que se tratava de uma grande misericórdia. Sempre que ele colocava seus pés na cabeça de alguém, a pessoa já considerava que a partir daquele dia a sua vida seria muito afortunada. Às vezes, ele batia em alguém e dizia: “por onde você andou todos estes dias?” Mas aqueles que o entendiam sabiam que "Quem quer que tenha sido atingindo por ele hoje recebeu a misericórdia direta de Nityānanda Prabhu.” O kīrtana estava em andamento e quando Mīnaketana Rāmadāsa chegou, todos se levantaram, ofereceram praṇāma e lhe deram as boas-vindas. Ele subiu nos ombros de uma das pessoas presentes, bateu em um com sua flauta e esbofeteou outro nas costas. Lágrimas fluíam constantemente de seus olhos e ele sempre bradava: “Nityānanda Prabhu kī jaya!”

O pūjārī não era muito educado e quando Mīnaketana Rāmadāsa entrou, enquanto todos permaneciam de pé e ofereciam praṇāma, este pūjārī não se levantou e nem sequer falou com ele. Dando risadas, Mīnaketana Rāmadāsa disse: “acabamos de encontrar o segundo Romaharṣaṇa!", 1 e depois ficou absorto em cantar as glórias de Nityānanda Prabhu. Todos faziam um kīrtana muito alto e assim que acabou, o irmão de Kavirāja Gosvāmī disse: “você está sempre cantando as glórias de Nityānanda Prabhu, mas porque você não canta as glórias de Caitanya Mahāprabhu em vez disso?” Ao ouvir isso, Mīnaketana Rāmadāsa entristeceu-se.

Aquele homem achava que havia alguma diferença entre Nityānanda Prabhu e Caitanya Mahāprabhu. Havia tantas histórias e glórias de Nityānanda Prabhu, e todas elas estavam relacionadas com Caitanya Mahāprabhu. Se alguém estiver cantando as glórias de Śrīmatī Rādhikā, ela também não está cantando as glórias de Kṛṣṇa? Rādhikā é a mais querida de todas por Kṛṣṇa e Seu serviço é o melhor de todos. Ao cantar as glórias de Rādhikā, você está automaticamente glorificando Kṛṣṇa. Similarmente, se alguém estiver descrevendo as glórias de Caitanya Mahāprabhu, ele também está glorificando Śrī Rādhā e Kṛṣṇa.

O irmão de Kaviraja Gosvami continuou: “como você pode cantar o tempo todo 'Nityānanda, Nityānanda,' e não glorificar Mahāprabhu? Sempre ‘Nityānanda, Nityānanda,’ mas ele se casou, enquanto Mahāprabhu recebeu sannyāsa, deixou Sua casa e família.”
Ao ouvir isso, Mīnaketana Rāmadāsa quebrou sua flauta e foi embora. Ele estava tão arrasado que quebrou seu bem mais precioso e partiu. Naquele momento, Kavirāja Gosvāmī pensou consigo mesmo: “certamente algo nefasto ocorrerá com meu irmão. Como poderia haver alguma auspiciosidade em sua vida depois disso?”

Gradualmente, tudo estava acabado para o seu irmão. O que queremos dizer com “acabado”? Sua bhakti desapareceu. Pela misericórdia dos santos conseguimos obter bhakti, mas se eles ficam descontentes, como o nosso interesse em bhakti pode permanecer? Não, isso não é possível. Ele perdeu tudo e se tornou ateu, então Kavirāja Gosvāmī pensou, "Eu não vou me associar com um ateísta. Eu não o considero mais meu irmão. Se alguém não for favorável à kṛṣṇa-bhakti, então o amigo não é um amigo, a mãe não é uma mãe, o pai não é um pai, o parente não é um parente. Não terei mais nenhum contato com ele.” Mais tarde naquela noite, às três ou quatro da manhã, ele decidiu ir embora e, com muito pesar, partiu de lá.

Ao chegar na vila de Jhamatpur, Kavirāja Gosvāmī sentou-se para descansar e pensou: “eu não posso ficar aqui. Para onde eu vou?” Enquanto pensava sobre sua situação, ele adormeceu. Então Nityānanda Prabhu apareceu para ele em um sonho. Em Sua mão ele portava um bastão dourado. Sua forma era muito grande e Sua tez era escura e refulgente. Ele usava um brinco em uma das orelhas e sua beleza era estonteante, tal como a de Baladeva em kṛṣṇa-līlā. Ele disse, "Por que está chorando? Por que está triste? Levante-se, levante-se! Vá para Vṛndāvana! E coloque os pés de Rūpa e Sanātana sobre sua cabeça. Vá! Você deixou o seu irmão por mim? Estou muito satisfeito com você. Um irmão de verdade é aquele que pode dar bhakti, um pai é aquele que pode dar instruções sobre bhakti e uma mãe é aquela que pode inspirar kṛṣṇa-bhakti. O pouco que Seu irmão me ofendeu fez com que você o deixasse para sempre? Estou muito satisfeito com você. Vá para Vṛndāvana. Lá você terá o darśana de Govinda, Madana-mohana e Gopīnātha. Receberá a misericórdia de Rūpa e Sanātana e também de toda Vṛndāvana-dhāma em si. Vá!”

Então Kavirāja Gosvāmī escreveu: “tudo o que fiz foi deixar meu irmão e por isso Nityānanda Prabhu me concedeu tamanha misericórdia! Por essa misericórdia, tive o darśana de Vṛndāvana-dhāma.”

Que tipo de darśana ele teve – como o nosso? Este é o tipo de darśana que ele teve: ele viu Kṛṣṇa levando as vacas para pastar, as gopīs procurando por Kṛṣṇa com olhos sedentos e a līlā de Śrī Rādhā e Kṛṣṇa. E qual é o significado da misericórdia de Rūpa e Sanātana? Através da misericórdia de Sanātana, Kavirāja Gosvāmī obteve sambandha-jñāna e conhecimento das escrituras, mas mesmo aquele que possui esse conhecimento, ainda pode não ter rasa. Pela misericórdia de Rūpa Gosvāmī, ele obteve o conhecimento de rasa e pôde escrever livros como Śrī Caitanya-caritāmṛta e Govinda-līlāmṛta, onde se fala muito a respeito de rasa. A misericórdia Rūpa Gosvāmī tornou isso tudo possível.

Neste mundo, mesmo um animal permanece em dívida por toda a sua vida com aquele que lhe remove um espinho. Da mesma forma, estamos em dívida com nosso guru e com os Vaiṣṇavas. Como podemos ser ingratos com aqueles que tentaram remover o espinho do apego material enraizado em nós e que tentaram nos seduzir para bebermos bhakti-rasa

Devemos ser sempre gratos com tais gurus e Vaiṣṇavas. Se em algum momento gurudeva for um pouco ríspido conosco e depois nos tornarmos ingratos, pensando: “Ó, ele não gosta mais de mim,” isso seria causa de grande infortúnio. Sempre teremos uma dívida com gurudeva e com os Vaiṣṇavas e jamais seremos capazes de pagá-la. Aquele que não consegue entender esta declaração de Kṛṣṇadāsa Kavirāja está sob grande infortúnio, mas aquele que compreende isso jamais se esquecerá de sua dívida por toda a vida. Mesmo após morrer, ele não se esquece disso e no seu próximo nascimento ainda lembrará.

Essa gratidão é uma das principais qualidades do Próprio Bhagavān. Embora Nityānanda Prabhu seja o Próprio Bhagavān, Ele também fica em dívida da mesma maneira que Kṛṣṇa também fica em dívida com as gopīs:

na pāraye ’haṁ niravadya-saṁyujāṁ
sva-sādhu-kṛtyaṁ vibudhāyuṣāpi va˙
yā mābhajan durjara-geha-śṛṅkhalā˙
saṁvṛścya tad va˙ pratiyātu sādhunā

Śrīmad-Bhāgavatam
(10.32.22)

Mesmo pelo tempo de uma vida longa como a dos semideuses eu seria incapaz de recompensá-los, pois vocês deixaram suas casas e famílias para Me servirem. Portanto, deixem suas próprias ações gloriosas serem sua compensação.
Similarmente, Nityānanda Prabhu diz: “ele se libertou dos grilhões do apego material e veio se ocupar em Meu serviço. Ele não se importa nada com a vida mundana. Como eu posso abandonar aqueles que deixaram suas famílias, dinheiro e posses para praticar bhajana? Jamais serei capaz.”
Kavirāja Gosvāmī também escreveu:

saṅkarṣaṇa˙ kāraṇa-toya-śāyī garbhoda-śāyī
ca payobdhi-śāyī śeṣaś ca yasyāṁśa-kalā˙ sa nityā-nandākhya-rāma˙ śaraṇaṁ mamāstu

Śrī Caitanya-caritāmṛta
(ādi-līlā 5.7)

Que Śrī Nityānanda Prabhu seja meu abrigo. Saṅkarṣaṇa, Śeṣanāga, Kāraṇodakaśāyī Viṣṇu, Garbhodakaśāyī Viṣṇu e Kṣīrodakaśāyī Viṣṇu são Suas porções plenárias e porções de Suas porções plenárias.

Em Vaikuṇṭha, há diferentes seções no mesmo nível, e outras seções em níveis mais elevados. Encarnações como Nṛsiṁha, Kalki e Vāmana estão no mesmo nível em Vaikuṇṭha-dhāma. Elas compartilham o mesmo “andar”, mas possuem suas próprias câmaras especiais. O ponto mais baixo é Virajā, acima há Siddhaloka, também conhecida como a parte externa de Vaikuṇṭha. Aos inimigos mortos por Bhagavān são atribuídos tal destino. Siddhaloka também é para aqueles que cantam ahaṁ brahmāsmi, pensando que a jīva finalmente funde-se em Brahman. Mas as jīvas não perdem a sua individualidade. O fato de que eles se tornam um é uma grande mentira. Sim, eles se encontram, como devotos se encontram e compartilham hari-kathā. Assim como Kṛṣṇa se encontrou com as gopīs, gopas, Yaśodā e Nanda Bābā e como Rāmacandra se encontrou com Hanumān – este encontro é certo, mas encontrar-se e tornar-se um? Tal exemplo não se encontra em nenhum local. Encontro, há sim – mas permanecem individuais. A jiva jamais se torna Brahman. Muitos panditas e estudiosos renomados possuem esta teoria e milhares de pessoas ouvem suas palestras. Eles dizem que não há nada igual à kṛṣṇa-bhakti e que a bhakti das gopīs é a melhor de todas e todos aqueles que atingem uma devoção igual a das gopīs torna-se um com Brahman. Este tipo de hari-kathā é completamente inútil. Eles estão enganando as pessoas, portanto não devemos participar de nada que diga que nos tornaremos um com Rādhā-Kṛṣṇa.

Acima de Siddhaloka está Sadāśivaloka e acima disso há Nārāyaṇa-dhāma, onde os devotos liberados de quatro braços residem. Sālokya, sāmīpya, sārūpya and sārṣṭi – os devotos possuem estes quatro tipos de liberação e permanecem perto de Nārāyaṇa servindo-O em aiśvarya-bhāva, o modo da opulência. Aos arredores há milhões de câmaras especiais e nelas há Varāha, Nṛsiṁha, Kalki e todas as outras encarnações. Sempre que há necessidade, eles vêm a este mundo; do contrário, permanecem ali o tempo todo, aceitando o serviço de seus devotos. Acima deste há o mundo de Rāmacandra e acima há o de Kṛṣṇa, conhecido como Goloka. O termo Goloka pode trazer alguma confusão, então tentarei explicar um pouco.
Quando Indra estava realizando o abhiṣeka de Kṛṣṇa, ele trouxe Surabhi de lá. Então, a residência de Surabhi é Goloka, certo? Mas não pense que Indra a trouxe de Goloka Vṛndāvana. Neste brahmāṇḍa e em cada brahmāṇḍa, encontra-se Hariloka, a residência de Kṣīrodakaśāyī Viṣṇu. Os semideuses não podem ter o darśana direto de Viṣṇu mas, às vezes, Brahmā, em sua meditação, recebe seu darśana e obtém o poder de criar e a força para proteger o mundo. Desta forma, cada brahmāṇḍa possui sua própria Goloka e também é chamada de Surabhiloka ou Śvetadvīpa. Indra pode ter viajado até lá e trazido Surabhi dizendo: “você é go-mātā, portanto, ore a Kṛṣṇa por mim.”
Portanto, Goloka e Goloka Vṛndāvana são diferentes. Da mesma forma, a Navadvīpa-dhāma situada no mundo espiritual também é conhecida como Śvetadvīpa, mas está separada da Śvetadvīpa incluída dentro deste brahmāṇḍa onde Kṣīrodakaśāyī Viṣṇu reside.
A seção inferior de Goloka-dhāma, abaixo de Dvārakā, é onde há svakīya-bhāva. Os passatempos de Rādhā-Kṛṣṇa ocorrem ali, mas ali Rādhā-Kṛṣṇa são como extensões de Lakṣmī-Nārāyaṇa no modo da opulência. Este é o destino daqueles que executam o arcana de Rādhā-Kṛṣṇa por vaidhī-bhakti. Aqueles que executam arcana de Rādhā-Kṛṣṇa por vaidhi-bhakti combinada com sentimentos de rāgānugā vão para Mathurā ou Dvārakā.
 

E aqueles que tem “avidez” e seguem totalmente rāgānugā na sua pura forma vão para Goloka Vṛndāvana. Esse reino possui o formato de uma flor de lótus e o centro é a casa de Nanda. Os devotos plenamente absorvidos em rāgānugā-bhakti alcançam posições nos passatempos de Kṛṣṇa, seja O acompanhando enquanto pastoreia as vacas ou como amigas de Rādhikā. Esta é a mais alta realização.
Ali Kṛṣṇa é conhecido como Vṛndāvana-bihari, Govinda, Syamasundara e Gopinatha e Sua primeira extensão é Baladeva. O arado de Kṛṣṇa, a pena de pavão e todas as parafernálias, as parafernálias das gopis, Vṛndāvana-dhāma - tudo isso é manifestado por sandhini-śakti, e a personificação da potência é Baladeva Prabhu. A personificação de hlādinī-śakti é Rādhikā e Kṛṣṇa é o possuidor de cit-śakti. Estes três juntos são sac-cid-ānanda, a forma completa de Kṛṣṇa. Nem Rādhikā nem Baladeva estão separados dEle; juntos são um só.
Unicamente de Baladeva Prabhu é que todos os devotos eternamente perfeitos de Kṛṣṇa são manifestos. Quando Kṛṣṇa vai para Dvārakā, Ele se torna Vāsudeva, o filho de Vasudeva. E em Dvārakā, Baladeva também se sente como filho de Devakī, mas na sua identidade original ele é filho de Rohiṇī e seu pai é Nanda Bābā. Observe que ninguém pode realmente ser o pai de Baladeva, pois não há pais e filhos neste mundo, mas Nanda Bābā possui a identidade de ser seu pai. Nanda Bābā possui a forte identidade de ser o pai de Kṛṣṇa e Baladeva – convencionalmente, os eruditos mundanos não aceitam este ponto. Eles não entendem que independentemente de qual seja a identidade mais intensa do pai de Kṛṣṇa, esta pessoa em última análise é considerada seu pai. A maioria propõe que Kṛṣṇa é o filho de Vasudeva e poucos aceitam que Ele é realmente Nanda-nandana.
Dessa forma, Baladeva Prabhu é vaibhava-prakāsha de Kṛṣṇa e presta serviço a Kṛṣṇa todo o tempo. O serviço a Kṛṣṇa é tudo para ele, seja em Vṛndāvana, Mathurā ou Dvārakā. Quando vão para Mathurā ou Dvārakā assumem formas não-diferentes, tornam-se a primeira catur-vyūha: Vāsudeva, Saṇkarṣana, Pradyumna e Aniruddha. Depois há uma segunda catur-vyūha, e da raiz Saṅkarṣaṇa vem Mahā-Saṅkarṣaṇa. De Mahā-Saṅkarṣaṇa vem Kāraṇodakaśāyī Viṣṇu, de Kāraṇodakaśāyī surge Garbhodakaśāyī, e de Garbhodasayi vem Kṣīrodakaśāyī. Kṣīrodakaśāyī Viṣṇu se expande em incontáveis formas como a testemunha nos corações de todas as entidades vivas, Paramātmā. Em nossos corações, como testemunha, está Baladeva em sua vyasti (expansão) como antaryāmī Kṣīrodakaśāyī. Kṣīra significa leite e assim como nossa mãe nos nutre através do leite, ele também nos sustenta e nos nutre.
Próximo a Kṣīrodakaśāyī Viṣṇu, estão Brahmā e Śaṇkara, e por seu desejo e potência, a criação e destruição dos universos material são possíveis. Assim como Śeṣanāga, possui milhões e milhões de cabeças e está sustentando milhões e milhões de universos em suas cabeças como se fossem sementes de mostrada e ao mesmo tempo assume a forma de leitos onde todos os três puruṣa-avatāras repousam. Há seis tipos de expansões de Baladeva Prabhu: da sua forma original em Vṛndāvana vem a raiz Saṅkarṣaṇa em Mathurā e Dvārakā, depois Mahā-Saṅkarṣaṇa em Vaikuṇṭha, Kāraṇodakaśāyī Viṣṇu, Garbhodakaśāyī Viṣṇu, Kṣīrodakaśāyī Viṣṇu e finalmente Śeṣa. Quem conhece estas verdades profundas jamais precisará adentrar o ciclos de nascimentos e mortes.
O puruṣa-avatāra se chama puruṣa porque ele está relacionado à criação do mundo material. Ele entra em contato indiretamente como māyā para o propósito da criação e manutenção, mas ele permanece separado disso. Sim, ele está dentro de todas as almas, mas ao mesmo tempo, não está dentro de ninguém. Ele faz tudo, inspira os outros a fazer tudo, mas ao mesmo tempo não faz nada. Por isso é chamado de puruṣa-avatāra. Deste puruṣa-avatāra surgem os manvantara-avatāras, yuga-avatāras e muitas outras encarnações. Eles vem de Kāraṇodakaśāyī Viṣṇu ou Garbhodakaśāyī Viṣṇu, que também podem ser chamados de avatārī, que indica que os avatāras surgem dEles.
Quando Kṛṣṇa vem a este mundo em qualquer uma de Suas formas, na forma do dhāma e associados eternos, Baladeva Prabhu certamente o acompanha. Antes de Kṛṣṇa descer para realizar seus passatempos em Vṛndāvana, Baladeva entra no coração de Devakī e no útero na forma de Saṅkarṣana; para então Kṛṣṇa se manifestar. Portanto, Baladeva vem primeiro na forma de dhāma e serve a Kṛṣṇa dessa forma.
Se alguém disser que Kṛṣṇa é uma encarnação de Kāraṇodakaśāyī e alguém disser que Ele é uma encarnação de Garbhodakaśāyī, isso causará uma confusão desnecessária. Em alguns lugares você encontrará tais descrições. Ou às vezes Kṛṣṇa é descrito como tendo nascido do cabelo de Nara-Nārāyaṇa – Keśa-avatāra, uma encarnação de Nara-Nārāyaṇa.
 
Podemos encontrar tais afirmações mas, na verdade:
ete cāṁśa-kalā˙ puṁsa˙ kṛṣṇas tu bhagavān svayam
Śrīmad-Bhāgavatam (1.3.28)
Todas as encarnações de Bhagavān são porções plenárias ou partes de porções plenárias de puruṣa-avatāras. Mas Kṛṣṇa é o Próprio Svayam Bhagavān.
Quando se diz o Próprio Kṛṣṇa é uma encarnação, é como se uma senhora idosa desse suas bênçãos ao primeiro-ministro dizendo: “Meu filho, que você um dia se torne um delegado de polícia.” Na cabeça dela, esta é a maior posição de todas. A senhora disse isso com amor, mas ela não compreende qual posição é a mais elevada. Similarmente, alguns dizem que Kṛṣṇa é uma encarnação de Garbhodakaśāyī ou Kṣīrodakaśāyī Viṣṇu.
Quando Śrī Rāmacandra desceu, Baladeva veio como Lakṣmaṇa. Os passatempos de Rāmacandra são cheios de separação e auto-sacrifícios que fazem todos chorarem. Aparentemente sem nenhum motivo, ele abandonou Sita-devi não apenas uma, mas duas vezes. Lakṣmaṇa não queria que Rāma fosse para a floresta e, portanto, enquanto estavam exilados, ele disse a Rāma, “Eu não considero mais Mahārāja Daśaratha como nosso pai. Por ser excessivamente luxurioso, ele é controlado por uma mulher e sua inteligência diminuiu com a velhice. Eu deveria matá-lo! Olhe – alguém está vindo! Se for Bharata, também o matarei!”
Bharata estava indo para apaziguar Rāma, mas quando Lakṣmaṇa subiu em uma árvore e viu os exércitos, ficou muito zangado. Portando seu arco e flecha, foi em direção a eles. “Onde está indo?” Perguntou Rāma. “Com quem você lutará?” Lakṣmaṇa disse, "Bharata está vindo todo orgulhoso. Ele deseja eliminá-lo para que não haja mais nenhum obstáculo para se tornar rei! Portanto, estou indo agora e com uma flecha vou acabar com todos!”
Mas Rāma desconfiava que havia algum mal-entendido e contou uma estória a Lakṣmaṇa.

Certa vez, havia uma mulher que criou um mangusto com a finalidade de proteger sua casa das cobras. Todos os dias, ela colocava os filhos para dormir na cama e colocava o mangusto ali do lado. Um dia, enquanto estava do lado de fora, uma cobra veio com o desejo de morder as crianças. O mangusto travou uma grande briga com a cobra e com grande dificuldade ele a venceu e conseguiu proteger as crianças. Então, satisfeito consigo mesmo, com um pouco de sangue em sua boca por causa da luta, permaneceu do lado de fora da casa a espera de sua dona. A mulher voltou, e o mangusto ficou na frente dela dizendo: "ku-ku-ku". A mulher disse: “de onde esse sangue saiu? Você atacou as crianças e as machucou?” Rapidamente, ela pegou um pedaço de pau e o matou. Então entrou na casa e viu as crianças brincando e a cobra morta ali por perto. Ao perceber o seu erro, ela se lamentou.
Rama disse a Lakṣmaṇa, “Sua condição é exatamente essa. Primeiro, espere e veja; deixe Bharata vir. Até mesmo a própria Terra pode ser egoísta, mas Bharata jamais é egoísta. Não há nada neste mundo com um emblema de amor igual ao de Bharata. Então deixe que ele venha.”
Assim que Bharata chegou, ele caiu aos pés de Rama e começou a apaziguá-lo. Ao vê-lo oferecendo praṇāma a Rāma, Lakṣmaṇa percebeu que havia se enganado. Quando Bharata estava partindo, Lakṣmaṇa se aproximou dele a sós e caiu aos seus pés. Conforme Bharata o levantava e o abraçava, Lakṣmaṇa dizia, “Eu sou um grande ofensor aos seus pés. Fui incapaz de ser afetuoso com você, de amá-lo”, e começou a chorar implacavelmente.
Em outro momento, durante o período em que viviam na floresta, Rāma ordenou a Lakṣmaṇa que trouxesse madeira para quando Sītā desejasse entrar no fogo. Lakṣmaṇa ficou muito zangado, mas Rāma disse, “O serviço prestado na floresta é o mais elevado. Você é sempre um servo.” Lakṣmaṇa aceitou a ordem de Rāma, mas pensou: “Estou cometendo um erro ao seguir sua ordem.” Então ele trouxe a madeira, e Sītā-devī entrou no fogo. Claro que isto foi um pretexto para que a verdadeira Sītā saísse e para que a falsa desaparecesse, mas ainda assim, no final, Lakṣmaṇa fez o voto de que: “Eu jamais virei novamente como seu irmão caçula, virei somente como seu irmão mais velho. Então as coisas serão diferentes, e você não poderá me tratar assim.”
Por isso, nos passatempos de Kṛṣṇa ele veio como Baladeva e nos passatempos de Mahāprabhu ele veio como Nityānanda Prabhu, o irmão mais velho em ambos os casos. Muitos passatempos só poderiam ser realizados como um irmão mais velho, pois a partir da posição de um irmão caçula não seria possível. Se Nityānanda Prabhu não estivesse presente, muitos passatempos de Mahāprabhu teriam permanecido ocultos. Ele era servo de Mahāprabhu, Seu irmão e também Seu guru. Como ele era o guru de Mahāprabhu? O guru de Mahāprabhu era Īśvara Purī, o guru de Īśvara Purī era Mādhavendra Purī e o guru de Mādhavendra Purī era Lakṣmīpati Tīrtha. Nityānanda Prabhu também era discípulo de Lakṣmīpati Tīrtha, mas devido ao fato de seu guru ter partido deste mundo quando ainda era jovem, Nityānanda Prabhu recebeu quase todas as suas instruções de Mādhavendra Purī. Quem quer que dê instruções sobre bhakti é o representante de Bhagavān e, portanto, Nityānanda Prabhu sempre considerou Mādhavendra Purī como seu principal guru. Quando Mādhavendra Purī se tornou o seu guru, Īśvara Puri tornou-se seu irmão espiritual e uma vez que Nityānanda Prabhu estava antes no nível do guru de Mahāprabhu, Ele o respeitava dessa forma.
Embora Nityānanda Prabhu tivesse três relações com Mahāprabhu – de servo, irmão e guru – Nityānanda Prabhu sempre se considerou um servo. Quando Mahāprabhu estava absorto em kīrtana, geralmente era Nityānanda Prabhu quem O protegia. Quando Mahāprabhu estava dançando na sua forma usual, Nityānanda Mahāprabhu O pegava para Sua própria proteção e somente quando Mahāprabhu ficava absorto em rādhā-bhāva é que Nityānanda não podia tocá-lo. Nityānanda Prabhu se envolvia em todos os tipos de serviços, sempre seguindo a ordem de Mahāprabhu. Mahāprabhu dizia, “Por favor, vá até a Bengala! Os brāhmaṇas de lá estão muito orgulhosos, eles não realizam bhajana de Bhagavān. Pregue algo para essa classe de brāhmaṇa, mas pregue especialmente para aqueles que são considerados caídos na sociedade, pois não estão realmente caídos.Toda e qualquer alma tem o direito de executar bhagavad-bhajana. Por favor, vá.” Então Nityānanda Prabhu partiu, pregou de vila em vila e fez discípulos em todos os lugares.
Certa vez, Nityānanda Prabhu passava pela estrada com um grupo de pregação, quando chegaram a uma vila onde vivia um rico fazendeiro chamado Rāmacandra Khān. Nityānanda Prabhu entrou casa do homem e se sentou no altar de durgā-manḍapa. Antigamente na Bengala, as pessoas ricas tinham essas maṇḍapas (dosséis levantados para fins cerimoniais) para Caṇḍī ou Durgā. Ele pensava: “a noite está chegando, para onde iremos agora? Amanhã de manhã continuaremos nossa jornada.”
Enquanto isso, Rāmacandra Khān enviou um dos seus servos para falar com Nityānanda Prabhu. Sarcasticamente, o homem disse, "Não há espaço suficiente para vocês aqui na casa, mas temos uma gosālā que é um lugar muito puro devido à presença de vacas e esterco de vaca. Os santos e sādhus devem ficar lá, então vão para o gosālā.”
Nityānanda Prabhu, ao ouvir isto, ficou zangado e disse: "sim, você está certo. Este lugar é impróprio para mim. É adequado para assassinos de vacas comedores de carne.” Após dizer isso, Ele partiu daquele lugar. No dia seguinte, os muçulmanos atacaram e sequestraram Rāmacandra Khān e toda a sua família. Também mataram uma vaca, cozinharam a carne e a comeram no mesmo local. Toda a vila foi destruída.
Nityānanda Prabhu possui dois aspectos, tal como uma mãe leoa. Com as suas crias, a leoa é muito gentil, mas com outros, ela é muito perigosa. Da mesma forma, Nityānanda Prabhu é supremamente misericordioso com os devotos e ele é o subjugador dos ateus. Assim como Baladeva Prabhu, portando um arado e uma massa, matou o gorila Dvivida e outros inimigos de Kṛṣṇa, Nityānanda Prabhu subjuga os ateus e aumenta gaura-prema nos devotos.
Jamais devemos considerar haver alguma diferença entre Caitanya Mahāprabhu e Nityānanda Prabhu, trata-se apenas de uma diferença corpórea. Nityānanda Prabhu é guru-tattva completo e sempre onde houver um guru, ele estará presente. Onde quer que as atividades do guru sejam executadas, a mensagem de Kṛṣṇa dada às jīvas é de que somente por bhakti haverá real auspiciosidade. Isso tudo é manifestado por Nityānanda Prabhu. Portanto, neste dia oferecemos praṇāma a Ele, que é o mais misericordioso e o completo guru-tattva, e oramos para que seja sempre misericordioso conosco.

1 Romaharṣaṇa foi uma personalidade que ofendeu Baladeva Prabhu em um sacrifício de fogo realizado em Naimisaraṇya, como descrito no Capítulo 78 do Décimo Canto do Śrīmad-Bhāgavatam.
Tradução: Madhukari Radhika devi dasi
Revisão: Ramananda das (Hari Cavalcante)
Fonte: capítulo 8 do Sri Prabandhavali de Srila Bhaktivedanta Narayana Gosvami Maharaja Foto: Nathji Gopal das

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Advaita Saptamī - Aparecimento Transcendental de Advaita Acharya




Deidade de Advaita Acharya em Shantipur

Advaita Saptamī é o dia em que Advaita Ācārya apareceu neste mundo. Advaita Ācārya, a causa do mundo material, foi o primeiro a aparecer, depois veio Nityānanda Prabhu em trayodasī e o Próprio Śrī Caitanya Mahāprabhu em pūrṇimā, descendo neste mundo com o esplendor de rādhā-bhāva. Dessa forma, iniciam-se os passatempos de Mahāprabhu.

vande taṁ śrīmad-advaitā-cāryam adbhuta-ceṣṭitam



yasya prasādād ajño ’pi tat-svarūpam nirūpayet



Śrī Caitanya-caritāmṛta (Ādi-līlā 6.1)

Oro a Advaita Ācārya, cujos passatempos são especialmente maravilhosos, para que, por sua misericórdia, eu seja capaz de descrever este difícil tattva facilmente. O que são estes maravilhosos passatempos? Ao ver Nityānanda Prabhu, Advaita Prabhu começou a reclamar: "De onde vem este avadhūta? Hoje ele chegou em nossa casa e lançou prasāda em todas as direções! Ele não sabe a qual classe pertence, na verdade, ele não se enquadra em nenhuma classe! Nós somos brāhmaṇas, somos os melhores da sociedade, e ele derrubou prasāda sobre os corpos de todos os aqui presentes!”


Então Nityānanda Prabhu disse, “Ei, aparādhī! Você está comentando uma ofensa contra mahā-prasāda. Você a considera um mero alimento que está apenas sendo jogado ao vento? Você é incapaz de ver a boa fortuna que ela concede, e qualquer um que tenha seu corpo tocado por tal prasāda conseguirá definitivamente superar māyā”.

Dessa maneira, geralmente costumava haver algumas brigas entre eles. Até quando se banhavam, havia algum bate-boca. Nessa época, Nityānanda Prabhu era muito jovem. Mahāprabhu era o mais novo, depois vinha Nityānanda e então o mais velho de todos, Advaita Ācārya, cujas ideias podiam ser por vezes muito difíceis de compreender. Certa vez, ele enviou um misterioso soneto para Mahāprabhu.

bāulake kahiha, – loka ha-ila bāula bāulake kahiha, – hāṭe nā vikāya cāula

bāulake kahiha, – kāye nāhika āula bāulake kahiha, – ihā kahiyāche bāula

Śrī Caitanya-caritāmṛta (Antya-līlā 19.20–1)

Um lunático manda uma mensagem para outro lunático. Não há mais a necessidade de arroz nos mercados, já é hora de fechar a loja.

Ninguém foi capaz de compreender tal soneto. Após lê-lo, Mahāprabhu se mostrou indiferente. Somente Svarūpa Dāmodara foi capaz de entender um pouco o humor de Advaita Ācārya; ninguém mais podia compreendê-lo. Ele quis dizer que um lunático – Advaita Ācārya, ensandecido por kṛṣṇa-prema – envia uma mensagem para outro lunático – Śrī Caitanya Mahāprabhu, que deixou o mundo ensandecido por kṛṣṇa-prema, a loucura original. “Não há mais a necessidade de arroz” indica que todos haviam recebido prema e que a tarefa já estava concluída. "Portanto, a loja deve ser fechada” indica que “Seus passatempos neste mundo material chegaram ao seu desfecho”. Mas ninguém foi capaz de entender isso; somente Svarūpa Dāmodara entendia o significado. Dessa forma, os passatempos de Advaita Ācārya eram misteriosos e maravilhosos.

Embora a essência da Bhagavad-gītā advogue em nome de bhakti, na época do aparecimento de Advaita Prabhu, ninguém explicava dessa forma. A mensagem da Gītā é repleta de devoção – viśate tad anantaram (Bhagavad-gītā [18.55]): "Por fim, ele entra em Mim”. Os Advaitavādīs entendem que isso indica que Bhagavān e a jīva se fundem em Brahman e se tornam um. Eles dizem que ao entoar “ahaṁ brahmāsmi” e ao praticar meditação, a individualidade aparente das almas se mesclam no final e que esse mundo material é falso. Advaita Ācārya inicialmente explicou bhakti a partir dos seguintes versos: satataṁ kīrtayanto mām (Bhagavad-gītā (9.14)); ananyāś cintayanto māṁ, ye janā˙ paryupāsate (9.22); e bhakti labhate parām (18.54) – no final, alcançaremos bhakti. Por meio dos preceitos descritos nestes versos, então viśate tad anantaram – entramos em bhakti. Não que encontramos Bhagavān em Brahman, entrando em uma luz não diferenciada. Viśate indica que entramos em Seu dhāma e obtemos Seu serviço, mas alguns tentavam modificar o significado.

Depois de algum tempo, Advaita Ācārya foi até Śāntipura e também começou a explicar o significado de viśate tad anantaram como “ahaṁ brahmāsmi: todas as almas se mesclarão em Brahman”. Ao ouvir isso, Mahāprabhu foi até lá e puxou sua barba e o açoitou até que Sītā-devī, a esposa de Advaita Ācārya, apareceu para protegê-lo. Isso também é maravilhoso, pois após ter sido açoitado, Śrī Advaita ficou jubilante e começou a dançar. Antes disso, Mahāprabhu oferecia praṇāma a ele e demonstrava o respeito condizente a um guru, pois Advaita Prabhu era discípulo de Mādhavendra Purī. Mahāprabhu pensava, “Ele é um discípulo do Meu parama-guru, então é Meu dever oferecer praṇāma e sevā a ele. Ele é digno de Minha veneração, portanto devo servi-lo e venerá-lo”.

Para livrá-Lo dessa incumbência, Advaita ācārya deu a explicação impersonalista nirviśesavāda da Bhagavad-gītā. Quando Mahāprabhu irritou-se e começou a açoitá-lo, Advaita Ācārya disse, “Hoje atingi o sucesso em minha vida. Quero que aceite meu serviço, pois Você é meu superior. Quem poderia ser superior a Você?” Mahāprabhu então se encabulou.

Em outra ocasião, Mahāprabhu disse a Sua mãe Śacī-devī, “Não demonstrarei mais o meu amor por você, pois desrespeitou um devoto. Você cometeu vaiṣṇava-aparādha ao dizer a Advaita Prabhu, “Seu nome Advaita (não-dual) não é apropriado; você deveria se chamar Dvaita (dual). Você não é advaita, é dvaita”. Disse que Advaita Ācārya traz a ‘dualidade’, separação nos relacionamentos - que ele separa uma mãe de seu filho, um pai de seu filho, um irmão de seu irmão. Advaita Ācārya explica o caminho da devoção, rompendo assim os grilhões que enredam o indivíduo ao mundo material. Uma mãe sente afeição natural por seus filhos, mas se Advaita Prabhu é capaz de aumentar a atração espontânea de alguém por Kṛṣṇa, o que então poderia ser superior
a isso? Se alguém está dando instruções de que a jīva se esqueceu de Bhagavān por milhões de nascimentos, estabelece sambandha (conhecimento de nossa real relação com Bhagavān) e sādhya (a realização final) e dá instruções de como o bhajana corta os grilhões que nos prendem ao mundo material, o que poderia ser superior a isso?”

Śacī-devī respondeu, “Ele me separou do meu amado Viśvarūpa. Ele deu instruções que culminaram na separação de meu Viśvarūpa, que deixou a sua casa e se tornou sannyāsī. Portanto, “Advaita” indica aquele que uma vez conhecido, a pessoa não desejará mais nada neste mundo. Então seu nome deveria ser “Dvaita””.

Mahāprabhu disse, "Por ter se dirigido a um devoto dessa forma, nenhum de nós continuará demonstrando amor por você”.

Enquanto ela ficou ali parada, todos lhe disseram que devido à ofensa cometida aos pés de Advaita Ācārya, não poderiam mais demonstrar nenhum amor por ela. Então, Śacī-devī implorou o perdão de Advaita Ācārya, mas em vez disso ele caiu aos seus pés de lótus e lhe disse: “você é a mãe de todo o mundo. Não é possível que cometa nenhuma ofensa. Mas tudo bem, se alguém está dizendo que houve alguma ofensa, eu digo que está perdoada.” Então Śacī-devī retornou a Mahāprabhu e tudo ficou bem. Muitos passatempos maravilhosos, como este mencionado aqui, foram executados por Śrī Advaita Prabhu.

Advaita Acharya invocando o Senhor Supremo
Advaita Ācārya também foi fundamental para trazer Śrī Caitanya Mahāprabhu para este mundo. No fim de Dvāpara-yuga, após concluir Seus passatempos neste mundo e retornar para Goloka Vṛndāvana, Śrī Kṛṣṇacandra pensou, “Eu tenho três desejos que ainda não foram satisfeitos. Compreender as glórias do amor de Rādhikā, descobrir a doçura que Ela encontra em Mim e experimentar essa doçura – sem adotar o sentimento da Própria Rādhikā e a refulgência de Sua forma, não será possível experimentar essas três coisas. Já experimentei sakhya-rasa, vātsalya-rasa e mādhurya-rasa, mas ainda não fui capaz de experimentar a felicidade que Ela sente ao Me ver e qual é a natureza do Seu prema por Mim. Para experimentar isso, eu preciso retornar ao mundo material”.
Naquele momento, havia a necessidade de se dar yuga-dharma. A era de Kali, que dura 432.000 anos, havia chegado. Normalmente, ao final de cada yuga surge uma encarnação de Bhagavān. No final de Tretā-yuga, Rāmacandra surgiu e no final de Dvāpara-yuga, Kṛṣṇa surgiu. Dessa forma, um yuga-avatāra vem quando a desordem no mundo material atingiu seu limite mais alto.

dharma-saṁsthāpanārthāya sambhavāmi yuge yuge

Bhagavad-gita (4.8)

A fim de restabelecer os princípios da religião, Eu apareço milênio após milênio.

Bhagavān pensa, “Veja o quanto as atividades pecaminosas estão aumentando e como o caos se alastra devido às atividades demoníacas. Quando devo descer?"

Então, na verdade, há quatro razões para a vinda de Mahāprabhu. Duas delas principais e duas secundárias. A razão principal é experimentar o prema de Rādhikā e a segunda é:

anarpita-carīṁ cirāt karuṇayāvatīrṇa˙ kalau
samarpayitum unnatojjvala-rasāṁ sva-bhakti-sriyam

Śrī Caitanya-caritāmṛta (Ādi-līlā 1.4)



Por Sua misericórdia sem causa, Ele surge na era de Kali para conceder o que nenhuma outra encarnação ofereceu anteriormente: unnata ujjvala-rasa – o amor mais doce e sublime a Seu próprio serviço.

Mahāprabhu queria conceder uma riqueza particular de prema para as jīvas que jamais haviam sido agraciadas com as encarnações anteriores: unnata-ujjvala-rasa – a parakīya-bhāva das gopīs. Há dois tipos de unnata-ujjvala-parakīya-rasa. Um tipo é o sentimento de Rādhikā, que não pode ser concedido. Mas o outro, o sentimento das nitya-sakhīs e das prāṇa-sakhīs que servem e seguem Rādhā e que também servem Kṛṣṇa – essa unnata-ujjvala-rasa pode ser concedida. Portanto, para oferecer o prema mais elevado a todas as jīvas e para experimentar o prema de Rādhikā, Kṛṣṇa aparece.

A terceira razão é para pregar yuga-dharma, nāma-saṅkīrtana; e a quarta razão é:

yadā yadā hi dharmasya glānir bhavati bhārata

abhyutthānam adharmasya tadātmānaṁ sṛjāmy aham

Bhagavad-gita (4.7)

Quando e onde houver um declínio na prática religiosa, Ó descendente de Bharata, e um aumento predominante da irreligião – neste momento, eu desço.


Estas são as quatro razões. Kṛṣṇa pensava, “Quando devo ir? Para estabelecer yuga-dharma, descer no final da yuga é correto, mas se em vez disso Eu pregar nāma-saṅkīrtana no início da yuga, a influência degradante da yuga terá um efeito menor nas jīvas. Quando devo conceder o sentimento das gopīs e quando devo experimentar o amor de Rādhikā?” Ele considerou todos estes pontos.

Enquanto isso, Advaita Ācārya presenciava bhakti desaparecendo gradualmente deste mundo e pensou: “Agora é o momento apropriado para a encarnação de Kṛṣṇa. Se ele não vier agora, o que acontecerá depois?” Ao mesmo tempo, ele também pensava na forma de Kāraṇodakaśāyī Viṣṇu. Contemplava em um ponto onde sattva, rajas e tamas estão todos na mesma posição. Há duas causas do mundo: uma é upādāna, a causa ingrediente, e a outra é nimitta, a causa eficiente. O próprio Mahā-Viṣṇu é a causa nimitta, e sua parte, Advaita Ācārya, é a causa upādāna.

Suponhamos que se eu apontar para alguém e falar: “este homem é um vândalo, ladrão e mentiroso. Agarre-o e expulse-o; sua entrada aqui jamais deverá ser permitida novamente.” Você pode nem conhecê-lo, mas ao me ouvir dizer isso, rapidamente o expulsa. Qual foi a causa de sua expulsão? Foi através da minha ordem de pegá-lo e expulsá-lo daqui, então você é a causa upādāna e eu sou a causa nimitta. Mas quem é a causa real do homem ter sido expulso? O seu comportamento inadequado, o próprio homem é a causa; e esta é exatamente a situação em relação a criação do mundo material.

Kāraṇodakaśāyī Viṣṇu assume duas formas para criação do mundo material: a causa eficiente e a causa ingrediente. Quando as duas se unem, incontáveis brahmāṇḍas são gerados. Mas se Bhagavān não injetou o Seu desejo, o que acontece? Em qualquer atividade, primeiro há o desejo para que, de fato, algo possa ocorrer. Portanto, o desejo de Mahā-Viṣṇu é a causa primária, e dependente do Seu desejo está o desejo de Advaita Ācārya, que é a causa secundária. Desta forma, Kāraṇodakaśāyī Viṣṇu executa a atividade de criação do mundo, e Sua encarnação é Advaita Ācārya.

advaita-ācārya gosāñi sākṣāt īshvara yāṅhāra mahimā nahe jīvera gocara

Śrī Caitanya-caritāmṛta (Ādi-līlā 6.6)

Śrī Advaita Ācārya é diretamente o Próprio Īshvara. Suas glórias não podem ser compreendidas por entidades vivas ordinárias.
Do mahat-tattva, surge o falso ego. Do falso ego surge o som, o toque, a forma, o sabor e o cheiro. Em seguida vêm os onze sentidos e depois os cinco elementos materiais. Isso soma vinte e dois, e com a inteligência e mente já são vinte e quatro. Ao adicionar prakṛti, puruṣa, ātmā e Paramātmā, reunimos vinte e oito aspectos de tattva. Deixando de lado Bhagavān e jīvātmā, todo o restante é aceito pelas escolas de pensamentos de sāṅkhya e nyāya.

ye puruṣa sṛṣṭi-sthiti karena māyāya ananta brahmāṇḍa sṛṣṭi karena līlāya icchāya ananta mūrti karena prakāśa

eka eka mūrte karena brahmāṇḍe praveśa

se puruṣera aṁśa – advaita, nāhi kichu bheda śarīra-viśeṣa tāṅra – nāhika viccheda

sahāya karena tāṅra la-iyā ’pradhāna’ koṭi brahmāṇḍa karena icchāya nirmāṇa

Śrī Caitanya-caritāmṛta (Ādi-līlā 6.8–11)

Mahā-Viṣṇu executa a função de criação de todos os universos materiais e Advaita Ācārya é uma encarnação direta dEle. Criar e manter estes incontáveis universos com sua energia externa é seu passatempo e por sua própria vontade ele se expande em inúmeras formas e entra em cada um destes universos. Advaita Ācārya é uma parte integrante não-diferente de Mahā-Viṣṇu, ou em outras palavras, outra forma dele.

Alguns dizem que a natureza encena o processo de criação por si só com base no seguinte exemplo: "Uma vaca come grama, e automaticamente o leite é produzido. Qual a necessidade de qualquer outra pessoa neste processo? Dessa forma, a natureza faz tudo por si só.”

Para refutar isto, um Vaiṣṇava inocente e de pouca instrução disse, “A vaca come a grama e dá o leite, então como o touro come a grama e também não dá leite? Ele precisa comer mais grama?”

O paṇḍita da escola sāṅkhya precisou pensar um pouco. Então ele disse, a respeito da causa upādāna: “para fazer uma casa, todos os elementos, tais como tijolos, são necessários.”

Então o Vaiṣṇava disse, “Para construir uma casa são necessários tijolos ou cimento, então se eu trouxer mil quilos de cimento, dez mil tijolos, um lago imenso, madeiras e mármore,  essas coisas farão uma casa? Somente por upādāna isso não acontecerá, pois é necessário a causa nimitta. Mesmo que haja uma caneta e um papel, eles por si só escrevem? Portanto, a natureza material por si só não cria nada sem que o desejo de Bhagavān esteja presente.”

Nenhuma ação ocorre neste mundo por si só, por isso esta filosofia prakṛtivāda é incorreta. Prakṛti significa matéria, puruṣa consciência e quando ambas se unem, surge a criação. Em prakṛti não há nenhuma ação, nenhum desejo inato – trata-se de uma matéria inerte. Mas ao ser ativada por puruṣa, a tarefa é automaticamente realizada. Os comunistas dizem, "Qual a necessidade de Deus nisto tudo? A natureza por si só já cria", mas não há ninguém no mundo capaz de criar algo por conta própria.

Certa vez, um coxo e um cego estavam indo para algum lugar juntos e o homem coxo disse, "Leve-me nos seus ombros. Com os meus olhos eu lhe direi para ir para a direta, esquerda ou seguir reto em nosso caminho, e com suas pernas chegaremos lá. Do contrário, nem você nem eu chegaremos lá.” Trabalhando juntos, eles conseguiram chegar ao destino desejado. Neste exemplo, o homem manco é consciente e o homem cego também, e por ambos serem conscientes, o trabalho foi concluído. Mas na criação, apenas Bhagavān é consciente, e a natureza não. Sem ao menos um ser consciente, não é possível realizar nenhum trabalho no mundo. Estas questões podem parecer um pouco áridas, mas são pontos muito importantes e agradáveis relacionados à bhakti e os Vaiṣṇavas devem se esforçar para entendê-los.

Em todo este tattva, a causa raiz do mundo material é Kṛṣṇa, pois originalmente é Ele quem injeta o Seu desejo. Ele se torna dois tipos de Saṅkarṣaṇa: a raiz Saṅkarṣaṇa e Mahā-Saṅkarṣaṇa. De Mahā-Saṅkarṣaṇa, Ele se torna Kāraṇodakaśāyī Viṣṇu e, subsequentemente, torna-se Advaita Ācārya e a causa upādāna. Algumas pessoas dizem que a causa upādāna está separada de Bhagavān, que a causa upādāna do mundo material não é Bhagavān. Elas dizem que Ele pode ser a causa nimitta, mas não a causa upādāna. Mas além de Kṛṣṇa não há nada, então de onde veio o mundo material? Qual a origem do mahat-tattva? Também surge do desejo de Kṛṣṇa. Não há nada em toda a existência que esteja separado dEle. Kṣraṇodakaçāyī manifesta a criação e o mahat-tattva, a própria natureza, não é diferente dEle. Para corrigir as almas que se esqueceram de Bhagavān, prakṛti se manifesta por Seu desejo e provê uma forma externa à jīva. A jīva pode considerar sua posição nesta condição de vida como uma oportunidade de grande felicidade mas, na verdade, trata-se de um castigo. Tal como quando um homem louco dança nu por aí – mesmo sendo açoitado pelas pessoas, sem comer ou beber, ele diz: “Eu sou o rei” ou “Eu sou o primeiro-ministro”, e desse modo ele acha que é feliz. Nossa condição é exatamente essa. Podemos nos considerar felizes, mas certamente nossa condição não é de felicidade.

Advaita Ācārya estava pensando, “Este mundo se tornou ateísta. Uma após a outra, as pessoas estão se esquecendo de Bhagavān, e corrigi-las sozinho não é uma tarefa possível para mim. Trazer devoção para os não-devotos será um trabalho muito difícil. Sem a śakti do próprio Kṛṣṇa, não será possível.”

Além dos devotos, há muitas pessoas no mundo pregando, mas estão todos pregando māyā. Estão pregando filosofias distorcidas e, ao ver isso, Śrī Advaita pensou: “Eles não têm nenhuma relação com Bhagavān e não pregam bhakti. Mesmo quando pregam com base no

Śrīmad-Bhāgavatam e Bhagavad-gītā, eles expressam apenas os desejos de suas mentes. São indiferentes ao sanātana-dharma e à devoção pura, e todos eles – especialmente os māyāvādīs – só ouvem o que desejam ouvir. Derrotar Rāvaṇa não foi uma tarefa tão difícil e matar Kaṁsa também não foi tão árduo. Tais ações poderiam ter sido realizadas por uma encarnação de Viṣṇu, mas mudar o pensamento destes māyāvādīs é muito difícil. Isso só será possível caso o Próprio Kṛṣṇa venha a este mundo”.

Já com quase sessenta anos de idade quando Mahāprabhu apareceu, Advaita Prabhu era o mais velho de todos os associados de Caitanya. Nityānanda Prabhu era cerca de cinco anos mais velho que Mahāprabhu. O plano de Mahāprabhu era inicialmente organizar o aparecimento de Seus devotos neste mundo e depois Ele próprio descenderia. Advaita Ācārya apareceu primeiro e, ao observar a condição do mundo, pensou: “Como chamarei Kṛṣṇa? Há muitas maneiras de adorar Kṛṣṇa, mas de todas elas, as glórias de tulasī são as mais elevadas. Kṛṣṇa ficará tão satisfeito com aquele que lhe oferecer folhas de tulasī e água do Ganges que tal pessoa terá domínio completo sobre Ele”. Depois disso, ele pegou um botão de tulasī – duas folhas macias com uma mañjarī no meio – e, com grande prema e lágrimas fluindo pelos olhos, adorou Kṛṣṇa às margens do Ganges.

Originalmente, Kṛṣṇa pensava, “Quando descerei? Talvez em dez ou vinte mil anos, ou mesmo após cem mil anos”. Mas quando ouviu a oração de Advaita Ācārya, Ele veio imediatamente. Portanto, Advaita Ācārya é outra razão importante da vinda de Mahāprabhu.

Após seu nascimento, Śrī Advaita recebeu o nome de Kamalākṣa, pois seus olhos eram tão belos quanto pétalas de lótus. Ele apareceu em Srihatta, na Bengala Oriental. Permanecendo um tempo em Navadvīpa e às vezes em Śāntipura, ele começou a pregar bhakti. Ele estava em Navadvīpa quando Mahāprabhu nasceu. Viśvarūpa frequentou a escola de Advaita Prabhu. Certo dia, mãe Śacī pediu que Nimāi chamasse Seu irmão; quando Ele chegou à escola, Nimāi olhou na direção de Advaita Ācārya e disse, “O que você vê? Você Me chamou aqui e não Me reconhece? Quando a hora apropriada chegar, você certamente Me reconhecerá”.

Há ilimitadas encarnações de Viṣṇu e todas elas não são diferentes de Kṛṣṇa, mas suas atividades e passatempos são diferentes. Portanto, por Advaita Ācārya não ser diferente de Hari, ele é advaita, e por ter manifestado bhakti em todas as direções, ele é conhecido como ācārya. Como ele pregava bhakti? Mesmo que alguém tivesse nascido em uma família de śūdras, muçulmanos ou qualquer outra, mas praticasse bhagavad-bhajana, Advaita Prabhu considerava tal pessoa melhor que um brāhmaṇa que não se ocupava em bhajana. Mesmo que alguém venha a nascer em uma venerável família de brāhmaṇas, seja um estudante exemplar e de boa conduta, fale apenas a verdade e jamais minta, se tal pessoa não se ocupar em bhagavad-bhajana, ela será inferior àquela que nasceu em uma família de śūdras ou cremadores mas que brada “Kṛṣṇa! Kṛṣṇa!”, mesmo que não pratique nenhuma outra atividade espiritual. Tal śūdra é superior a um caturvedī-brāhmaṇa: Advaita Ācārya provou tal ponto e o pregou.

Haridāsa Ṭhākura nasceu em uma família muçulmana. Na cerimônia de śrāddha do pai de Advaita Ācārya, o assento mais elevado e prasāda foram oferecidos primeiro à pessoa mais elevada. Advaita Ācārya estava realizando a cerimônia com a lua no local apropriado para o mês de Āśvina. As classes mais elevadas de brāhmaṇas estavam presentes – Bhaṭṭācārya, Trivedī, Caturvedī, Upādhyāya – e todos eram grandes eruditos. Após lavar seu pés, Advaita Ācārya mostrou-lhes seus respectivos lugares. Na frente havia um assento elevado e Advaita Prabhu estava de pé e pensando, "quem colocarei neste assento?"

Todos os eruditos pensavam: “Conheço tantas escrituras; certamente este assento será oferecido a mim.” Silenciosamente, todos eles aspiravam por isso. Advaita Ācārya saiu da casa e viu Haridāsa Ṭhākura, vestindo um laṅgoṭī e sentado ao lado da porta. Haridāsa estava pensando, “Os brāhmaṇas farão sua refeição aqui, então Advaita Ācārya certamente nos dará um pouco da prasāda deles.” Ele era tão humilde que pensou que se entrasse dentro da casa, ela poderia ser contaminada. De repente Advaita Ācārya o abraçou e Haridāsa Ṭhākura disse, "Oh, você é um brāhmaṇa e eu sou um muçulmano! Por me tocar, agora você deve se banhar." Mas após segurá-lo e levá-lo para dentro, Advaita Ācārya o colocou no assento elevado, gerando um grande rebuliço para todo lado. Os brāhmaṇas disseram, “Ao trazer um muçulmano até aqui, você contaminou este lugar e nos insultou! Não comeremos aqui!" Levando seus potes de água, todos se levantaram e partiram. Insultaram Advaita Ācārya, dizendo, “Você está indo contra os princípios de dharma!”

Mas Advaita Ācārya disse, “Hoje atingi o sucesso em minha vida e hoje meu pai alcançou Vaikuṇṭha. Ao oferecer respeitos a um Vaiṣṇava, hoje milhões dos meus ancestrais superaram māyā. Se Haridāsa Thākura comer aqui, será o mesmo que alimentar milhões de brāhmaṇas.”
Haridāsa Thākura começou a chorar e pensar, “Por causa de mim, todos estes brāhmaṇas foram insultados e não estão comendo.”


Mas Advaita Ācārya disse, “Haridāsa, hoje você certamente tomará prasāda aqui. Esta será a nossa grande boa fortuna." Então, disse aos brāhmaṇas, “Ele ficará e nenhum de vocês receberá prasāda. Na verdade, todos vocês devem partir imediatamente, pois já é um grande pecado ver os seus rostos. Haridāsa tem grande consideração por mahā-prasāda, por isso ele se inclui na classe de Vaiṣṇava. Qualquer um que não aceite isso é um ateísta, e aquele que julga um Vaiṣṇava por seu nascimento também. Vocês podem ir embora daqui e levar suas ofensas com vocês. Estão ofendendo Haridāsa e também me ofenderam.”

Todos os eruditos saíram da casa, mas do lado de fora, enquanto se preparavam para partir, começaram a conversar entre eles. "Advaita Ācārya não é uma pessoa ordinária. Ele é um grande erudito, conhece todas as escrituras e é um pregador de bhakti.” Continuaram a conversar e após reconsiderarem, retornaram, caíram aos pés de Advaita Prabhu e imploraram por perdão.

Advaita Ācārya teve muitos filhos, um deles chamado Acyutānanda, mas por alguns deles não praticarem bhajana, ele não os considerava mais seus filhos e os renunciou. Somente considerava seus sucessores aqueles que praticavam bhajana a Bhagavān. Especialmente devido a um incidente em Jagannātha Purī, Acyutānanda tornou-se seu sucessor. O Ratha-yātrā estava em andamento e, naquela época, Acyutānanda era apenas um pequeno garoto. Alguns Vaiṣṇavas vieram e perguntaram a Advaita Ācārya, “Qual o nome do guru de Śrī Caitanya Mahāprabhu?” Ele respondeu, “Keśava Bhāratī.”



Naquele momento, Acyutānanda estava sentado no colo do seu pai e após ouvir isso, começou a tremer de raiva. Ele era apenas um pequeno garoto! No entanto, levantou-se do colo do seu pai e começou a se afastar, dizendo, "Você não pode ser meu pai se pensa assim. Śrī Caitanya Mahāprabhu é o guru de todo o mundo! Como alguém poderia ser o guru dEle?”

Lágrimas surgiam nos olhos de Advaita Ācārya, e ele disse, "Você realmente será conhecido como meu filho. O que você disse está correto: Mahāprabhu é o guru de todo o mundo, mas ao realizar Seus passatempos na forma humana, Ele precisa dar exemplo aos outros. Caso contrário, o que aconteceria? Como as pessoas deste mundo saberiam que é necessário aceitar um guru? "

Desta forma, Advaita Ācārya fez muitas coisas maravilhosas. Ele foi assistente de todos os passatempos de Śrī Caitanya Mahāprabhu. Portanto, hoje oferecemos uma oração especial aos pés de Advaita Ācārya para que ele seja misericordioso conosco de modo que possamos progredir continuamente em bhakti e, finalmente, alcançarmos o serviço direto de Śrī Gauracandra.


Tradução: Madhukari Radhika devi dasi
Revisão: Ramananda das (Hari Cavalcante)

Capítulo 7 do Sri Prabandhavali

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

O “casamento” de Radha e Krsna

Tridandisvami Bhaktivedanta Narayana Maharaja
Varsana: 9 de Novembro de 2002

[Esta é uma palestra atrasada do período de Kartika– para inspirar os devotos a virem ao longo deste ano. Foi dado durante o Parikrama de Vraja Mandala em Varsana. Lá, Srila Bhaktivedanta Narayana Maharaj contestou a uma usual concepção errônea entre muitos Vrajavasis, que Radha e Krsna foram efetivamente casados em uma cerimônia oficiada pelo Senhor Brahma.Esta concepção errônea foi apresentada por um panda (brahmana estudioso e historiador) o qual acompanhou o grupo do parikrama aos vários lugares de passatempos em Varsana. O panda também referiu-se a Srimati Radharani como Matesvari, o qual é um título que significa a Mãe Suprema ou deusa. Srila Maharaj contestou este título, o qual é acurado de um ponto de vista filosófico, mas inconsistente com o humor dos servos de Sri Sri Radha e Krsna em seus passatempos de Vrndavana. – editores ]


Todas as glórias a Sri Guru e Gauranga!

Agora nós estamos em Varsana-dhama. Eu contei a vocês sobre as glórias de Varsana, e quero falar sobre radha-tattva. Srimati Radharani é a amada de Krsna, mas Ela não é uma mulher comum com desejos luxuriosos, como vemos nos relacionamentos entre os namorados e namoradas mundanos. Ela é antaranga-sakti (potência interna) do Senhor Krsna. Nós queremos discutir o que Ramananda Raya explicou sobre radha-tattva, krsna-tattva, rasa-tattva, prema- tattva e vilasa-tattva, e também o que o capítulo quatro do Adi- lila do Sri Caitanya Caritamrta declara a respeito destes importantes tópicos.
Além do mais, Srila Rupa Gosvami e Srila Raghunatha dasa Gosvami deram mais explicações sobre radha-tattva do que você pode encontrar em qualquer outro lugar, e vocês devem tentar aprender de todas explicações deles profundamente .
Temos muitos sábios eruditos aqui e eu estou solicitando que cada um deles não fale mais do que quinze minutos para oferecer seu puspanjali (oferecimento de flores de palavras de louvores sinceras). Eu quero que todos tenham uma oportunidade de falar.
Estamos aqui por somente três dias. Amanhã nós estaremos indo para Kamyavana e pode ser que retornemos após às 17h00 horas, então pode ser que não terá aula amanhã à noite. No dia seguinte iremos para Uccha-gaon, e no terceiro dia iremos para vários lugares ao redor de Nandagaon. Só teremos tempo para as aulas depois que retornarmos de Nandagaon e Uccha-gaon, então eu quero discutir aqui radha-tattva, bhakti tattva, prema bhakti, assim por diante.
Amanhã vocês estarão indo para Kamyavana, Charan Pahadi, Vimala Kunda, Bhojansthali, Setabandu, Vrnda-devi, Radha-Govinda, Gopinatha, Madana-Mohana, Panca-pandava, Draupadi Kunda, e muitos outros lugares. Tirtha Maharaj, que conhece todos os passatempos destes lugares, e também, nosso panda, irão estar lá. Se vocês forem, as bênçãos do dhama virão para vocês automaticamente. Se vocês ouvirem as narrações e explicações dos doces passatempos de Radha-Krsna durante o parikrama, vocês irão ser infundidos com toda energia transcendental– então vocês deveriam tentar ir. Estou também solicitando que vocês deêm daksina (uma doação) para nosso panda, e ele ficará satisfeito com qualquer doação que vocês lhe derem.
Algumas pessoas tem um falso orgulho e falso ego porque elas nasceram em Vrndavana e pensam ser Vrajavasis. Porém, se eles não tem os humores interno de Nanda Baba, Yasoda-maiya e todos os associados eternos de Krsna, eles não são Vrajavasis. Os reais Vrajavasis são aqueles que tem o humor dos Vrajavasis como Nanda Baba. Yasoda-maiya, os sakhas (amiguinhos) de Krsna e especialmente o humor das dasis (criadas) de Sri Radha.
Eu não quero ouvir Srimati Radhika referida como Matesvari Radha (A Mãe Suprema). Isto é muito equivocado. A maior parte das pessoas na Vraja transcendental pensam em Vrsabhanu Maharaj como irmão deles e em Lali (termo de afeição para Radha, que significa filha) como sua amada filha. Outros pensam de Radhika em amizade e Krsna pensa nela como sua amada. Como poderia ela alguma vez vir a ser Matesvari, ou mãe? Esta concepção é muito equivocada. Eu peço ao nosso amável panda, para desculpar-me. Ela poderia ser Matesvari em um sentido, mas em Vraja não há lugar para esta palavra Matesvari; não existe tal coisa. Não há humor de opulência aqui em Varsana, a atmosfera é sempre muito natural e doce.
Então, os assim chamados Vrajavasis irão contar a vocês que Radha se casou com Krsna, mas isto está errado. No Brahma-vaivarta Purana está escrito que Brahmaji veio para Vrndavana e celebrou a cerimônia de casamento de Radha e Krsna, na qual Lalita e Visakha cantaram algumas canções de casamento. Mas, como é que um casamento real acontece? A mera presença de um purohit (sacerdote) não é o bastante. Alguém deve formalmente conceder uma garota em caridade e este ritual cerimonial é chamado de kanya-dana.
Vemos a presença de Vrsabhanu Maharaj e Kirtida em Bhandiravana (o lugar onde ocorreu o “casamento”)? Também, Nanda Baba e Baladeva deveriam ter tomado parte na procissão do casamento juntamente com o noivo. Esteve um ou outro presente lá? Haviam quaisquer outros Vrajavasis que não as jovens gopis presentes? Se não, como foi que esta cerimônia de casamento aconteceu? Poderíamos dizer que uma troca de guirlandas aconteceu e, que isto está de acordo, isto é conhecido como um casamento Gandharva. Mas, se um casamento real tivesse acontecido, a noiva deveria ter ido para a casa do seu marido .
Radhaji alguma vez foi para a casa de Yasoda-maiya em Nandagaon como nora? Se a resposta pudesse ser “Sim”, então o que poderia separar o humor e lila de Satyabama e de Rukmini do de Srimati Radharani? Não existiria diferença. Mas, Rukmini e Satyabama são meramente expansões dos pés de lótus de Srimati Radharani.
É verdade que os arranjos de casamento estavam acontecendo. Planos estavam sendo feitos para o casamento de Radha e Krsna, mas Yogamaya Purnamasi devi veio e colocou um impedimento naquele casamento. Ela disse para os pais: “Este casamento não pode acontecer. A carta astrológica deles não é compatível; a nakshatra deles (constelações) não estão bem combinadas. Um importante sinal está ausente, de modo que a disposição é inauspiciosa para o casamento deles. Não, não. Este casamento não deveria acontecer. Abhimanyu, o filho de Jatila, é da mais rica família em Vraja. Ele é completamente qualificado, muito capaz e dotado com todas as boas qualidades. Ele deve casar-se com Ela.”
De que maneira este casamento de Radhika e Abhimanyu aconteceu?
Aconteceu entre chaya (imagens da sombra) – sombra de Krsna, Abhimanyu, casou com a sombra de Radha.
Suponhamos a guisa de argumento, digamos que Radhika de alguma maneira casou com Krsna. Mas, então e as outras gopis? O Srimad Bhagavatam declara:

pati-sutanvaya-bhrata-bandhavan
ativilanghya te ‘nty acyutagatau
gati-vidas tavodgita-mohitau
kitava yonitau kas tyajen nisi

["Querido Acyuta, você sabe muito bem por que viemos até aqui. Quem, senão um trapaceiro como você poderia abandonar mulheres jovens que vieram vê-lo no meio da noite, encantada pelo som alto de sua flauta? Só para vê-lo, rejeitamos por completo nossos maridos, filhos, ancestrais, irmãos e outros parentes." ( SB 10.31.17 ) ]

No comentário do Srimad- Bhagavatam, todas as gopis estão dizendo que todas elas deixaram seus maridos. O Srimad Bhagavatam é uma escritura autêntica, seu comentário não pode ser falso. Este relacionamento especial entre Krsna e todas as gopis é descrito pelo Srimad Bhagavatam afora. Por exemplo, Krsna fala às gopis quando ele retorna após seu desaparecimento na dança da rasa:

na paraye ‘ham niravadya-samyujam
sva-sadhu-krtyam vibudhayusapi vah
ya mabhajan durjara-geha-srnkhalah
samvrscya tad vah pratiyatuh sadhuna

[ " Não sou capaz de pagar minha dívida por seus imaculados serviços, mesmo que para tal tivesse toda uma vida de Brahma. Sua conexão comigo é incensurável. Vocês têm me adorado, cortando todos os laços familiares, os quais são difíceis de romper. Por esta razão, por favor, que suas próprias ações gloriosas sejam suas recompensas." (Srimad Bhagavatam 10.32.22) ]

Durjara-geha-srnkhala . Isto significa que as gopis deixaram seus maridos, e e está escrito em muitos outros lugares no Srimad Bhagavatam que as gopis de Krsna deixaram seus maridos para se encontrarem com ele na Dança da Rasa. Nós nunca ouvimos que Srimati Radharani ou as gopis se casaram com Krsna; senão esta citação do Srimad Bhagavatam seriam falsas.
Por motivo da rasa, é que elas tinham uma inclinação natural a Krsna como seu amado, ao invés de como seu marido. Rukmini não tem este mesmo sentimento; após o casamento dela com Krsna, Rukmini desenvolveu um humor reverencial. Em comparação, como as gopis se comportam? Elas são hladini-sakti de Krsna neste mundo, como também, no mundo espiritual e em todos os mundos nos quais elas possam aparecer. O relacionamento delas é imutável.Krsna reverencia sua cabeça nos pés de Radhika. Ele oferece sua flauta, seu bastão e todas as suas posses aos pés dela. Quando Srimati Radhika coloca a poeira dos seus pés na cabeça de Krsna, o mahavar (pintura vermelha do pé) deixa a marca na testa Dele. O que está escrito lá naquela marca? “Radha”. E quem escreveu isto no pé dela? Krsna. Krsna tem o nome “Radha” estampado em sua testa, e isto o satisfaz imensamente .
Rukmini e Satyabhama não podem fazer isto, porque após o casamento elas desenvolveram um sentimento reverencial pelo marido como mestre ou senhor delas. Se Radhika tivesse sido casada com Krsna, ela deveria ter desenvolvido este humor e se comportado de acordo. Algumas pessoas não entendem este ponto e por esta razão, tem uma concepção incorreta. Mesmo nosso erudito panda, uma inteligente pessoa, apóia a idéia de que aconteceu o casamento entre Radha e Krsna. Tais pessoas não tem conhecimento ou realização de rasa-tattva, e por isto falam desta maneira.
Tenho me oposto a tais idéias, e escrevi um livro sobre isto. Dê este livro para eles; deixe-os lê-lo. Eles não leram as obras de Srila Rupa Gosvami, Srila Sanatana Gosvami, Srila Raghunatha dasa Gosvami, Srila Jiva Gosvami, tampouco leram o Sri Caitanya Caritamrta. Se alguém não tem a associação dos associados de Sri Caitanya Mahaprabhu, irá ter concepções errôneas tal como a idéia de que Srimati Radhika é Matesvari.
Eu sou um servo dos pés de lótus de Radhaji:

bhajami radham aravinda-netram
smarami radham madhura-smitasyam
vadami radham karuna-bharardram
tato mamanyasti gatir na kapi

["Eu adoro Radha de olhos de lótus. Medito em Radha sorrindo docemente. Glorifico supremamente a misericordiosa Radha. Ela é a única meta de minha vida. Não tenho nenhuma outra meta." ( Sri Sri Radhikastottara-sama-nama-stotra, verso 131, por Raghunatha dasa Gosvami )]

radha-bhajane jadi mati nahi bhela
krsna-bhajana tava akarana gela
atapa-rohita suraya nahi jani
radha-virahita madhava nahi mani

["Se seu desejo por servir Srimati Radhika não acontece, então sua chamada adoração a Krsna é inútil. Eu nunca soube do sol sem luz  solar, então eu não gosto de considerar Madhava sem Radha." ( Sri Radhastakam Canção 8 – Srila Bhaktivinoda Thakura ) ]

sri-rupa-manjari-karacita-pada-padma
gosthendra-nandana-bhujarpita-mastakayah
ha modatah kanaka-gauri padaravinda
samvahanani sanakais tava kim karisye

["Como Sri Rupa Manjari massageará suas mãos, Oh! você, que é tão bela como o ouro, eu irei alegremente e gentilmente massagear seus pés de lótus enquanto você descansa sua cabeça entre os braços do príncipe de Vraja? (Sri Vilapa Kusmanjali verso 72 , por Srila Raghunatha dasa gosvami)]

Radhe Radhe Radhe Jaya Jaya Jaya Sri Radhe ! Não há nada mais.

Quando Krsna ouve o canto do nome de Sri Radha, Ele vai imediata como que automaticamente, para aquele lugar. Quando Krsna vem para o Kunja de Radhaji , as dasis dela como Rupa manjari, e também suas amigas, podem dizer: “Jahi Madhava, Jahi Madhava, Jahi Kesava!” ma bada kaitavabaadam “Vá embora Madhava, vá embora. Vá embora Kesava!” Quando Krsna vem, se Srimati Radharani está em maan (humor de zanga). Ela não irá deixar que aquela pessoa negra venha para dentro do seu kunja. As dasis dela como Rupa Manjari irão ralhar com Krsna, dizendo: “Vá embora imediatamente!” Então Krsna irá implorar a elas: “Por favor, arranje-me um encontro com Radhaji. Ó, deixe-me encontrar minha Svamini.” Esta é a glória de Srimati Radhika.
Vocês são tão afortunados por virem a Vrndavana com nosso grupo de parikrama na  associação de vaisnavas rasikas. Vocês são tão afortunados. Vocês terão que estar prontos amanhã pela manhã por volta das 6:30. Se se atrasarem, os ônibus já terão partido e vocês não serão capazes de viajar.

Gaura Premanande !

Consultor Editorial: Sripad Madhava Maharaja e Brajanatha dasa
Transcritora: Vasanti dasi
Tradução do Hindi ( partes da palestra falada por Srila Mahaja em Hindi ): Akilesh dasa
Editor: Janardana dasa
Assistente editor: Syamarani dasi
Digitação: Anita dasi
Supervisão geral da tradução em português: Kunja Bihari das
Traduzido para o português : consultores e equipe
Revisado : Laksmikanta das e Sarva Laksmi devi dasi
Digitação e organização : Govinda dasi

Edição para o blog: Ramananda Das